quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Navegando sem um Farol.


Navegando sem um Farol (*)

Diria o poeta que: “Um farol não consegue guiar os navios que se aproximam se a luz dentro dele não estiver acesa”. Nós brasileiros precisamos com muita urgência de um farol. Infelizmente, estamos numa gigantesca nau sem velas, sem lemes, sem remos e pior... sem comandante. Estamos nos afundando numa crise política e econômica sem precedentes em nossa história. 

Evidente que já passamos por grandes crises econômicas e sobrevivemos a todas. Porém, essa é sem dúvida mais preocupante e assustadora porque é muito diferente. Nessa existem dois ingredientes altamente voláteis, alimentados por um processo de corrupção que se arraigou tanto no setor público como no privado, e também pela ausência de Accountability, que significa "prestar contas”.

Ou seja, quem desempenha funções de importância na sociedade deve regularmente explicar o que anda a fazer, como faz, por que faz, quanto gasta e o que vai fazer a seguir. Não se trata, portanto, apenas de prestar contas em termos quantitativos, mas de auto-avaliar a sua gestão qualitativa, com a maior transparência possível.

O consultor Stephen Kanitz, em 1999, escreveu um inteligente artigo dizendo de forma resumida que o Brasil não é um país intrinsecamente corrupto, mas um país pouco auditado. A prestação de contas em todas as esferas do executivo, legislativo e judiciário, aqui abrangidos pelos poderes federais, estaduais e municipais, tem melhorado bastante com a atuação dos seus tribunais de contas, exigindo relatórios de gestão. Porém, parece que ainda temos um longo caminho a trilhar, pois a maldita corrupção continua ocupando com destaque a parte policial dos jornais de todas as mídias.

Lamentavelmente, o centro de nossa crise política está na questão do exercício da ética, ou melhor, pela total ausência de ética da grande maioria da classe política. Minha preocupação maior é com os jovens, pois com a banalização da roubalheira dos políticos nos noticiários, pode dar a impressão que se trata de uma coisa normal na política. Talvez, lembrando o grande pensador holandês Spinoza em suas obras como “Tratado Político” e “Ética”, devêssemos pensar em incluir, com urgência, nos currículos do ensino básico e fundamental, cadeiras de ética. Deixando bem claro que isto não revogaria a máxima que diz que “a educação vem do berço”.

Para finalizar, por infortúnio maior, concluo com o título do artigo: Navegando sem um Farol. O que mais entristece e nos desanima é não termos nenhuma liderança nacional na classe política que pudéssemos depositar nossa confiança e que nos mostrasse um norte ou um farol para essa grande nau aportar num porto seguro. As grandes e as principais estão quase todas envolvidas com falcatruas no Mensalão, na Lava Jato, na Zelotes, entre outras. Navegando sem um farol... até quando meus amigos?

(*) Lourival Amorim - 12.11.2015

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Lourival Amorim