Há dez anos, em São Paulo, Angélica Aparecida
Teodoro, uma mãe de dezoito anos, com um filho de dois, desempregada, com a mãe
doente, estava dentro de um supermercado, quando escondeu um pote de manteiga no seu boné.
Por esse gravíssimo crime, Angélica ficou presa durante quatro meses num
Cadeião de São Paulo. Foi solta por um Habeas Corpus concedido pelo catarinense
Paulo Gallotti do STJ.
Passado uma década do Habeas Corpus que livrou Angélica do cadeião, temos um cenário semelhante. Em Brasília, após um rolo compressor na Câmara e no Senado, foi dado o sinal verde para o processo de Impeachment da Presidente Dilma por crime de responsabilidade. Assumiu a interinidade o Vice-Presidente Michel Temer, uma das fortes lideranças do PMDB, com um “programa de governo” contemplando reformas estruturais na economia, na previdência, na legislação trabalhista e no pré-sal.
Parecia que o Brasil entrava num novo momento de glamour político, apesar de alguns narizes torcidos de parte da mídia e da oposição pelo fato de "certos" ministros do novo governo estarem sendo “citados” na Operação Lava Jato, que apura o envolvimento de muitos políticos e empreiteiros que “meteram a mão grande” na Petrobrás, a maior empresa brasileira.
De repente, em meio ao “tá tranquilo, tá favorável”, surge um misto de furacão, ciclone, vendaval... chamado Sérgio Machado. Um ilustre desconhecido, empresário, político do Ceará, deputado federal e senador pelo PSDB e PMDB, presidente da Transpetro, uma subsidiária integral da Petrobrás, por indicação de Lula e Dilma, que tinha um estranho hábito de fazer gravações das conversas com “seus amigos”.
Gravações estas que foram parar na Procuradoria Geral da República, num acordo de delação premiada, já homologado pelo Ministro Teori do STF. Parece, que as inconfidências de Sérgio Machado realmente não vão deixar pedra sobre pedra nas frágeis estruturas da “velha e na nova república”.
Resumo da ópera... Todas essas “excelências” poderiam fazer um abaixo-assinado e aproveitar para fazer um sincero pedido de desculpas para Angélica Aparecida Teodoro, que aos dezoito anos, desempregada, “roubou” um pote de manteiga de um supermercado, e lhe custou quatro meses de prisão num cadeião.
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Lourival Amorim